segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Museu acolhe “Exposição de Caricaturas de Abel Salazar” – inauguração sexta, 28

A figura ímpar de Abel Salazar – como cientista, pedagogo, artista, cidadão e filósofo – está normalmente associada a uma personalidade austera, sorumbática, distante. Os tons escuros da sua pintura na última fase da vida, os auto-retratos, o internamento psiquiátrico durante cerca de quatro anos e a sua actividade como investigador, contribuíram, certamente, para fundamentar este estereótipo.

No entanto, sabe-se, através de variadíssimos depoimentos, do humor fino e sensível, bem como da delicadeza de trato. Um dos seus amigos escreveu: “Quem não privasse de perto com Abel Salazar julgá‑lo‑ia à conta do seu aspecto fechado, carregado, um homem seco, duro, avesso a jovialidades. No trato íntimo, porém, Salazar era outro: – irradiava gentileza, afabilidade, prestabilidade, a todos atendendo e servindo, sem afectação ou prosápia.” As caricaturas e sobretudo as cartas dirigidas aos seus amigos, onde o texto e intercalado com desenhos que o (des)articulam, vem confirmar a imaginação e frescura da sua ironia por vezes cáustica.

Esta exposição vem assim tentar colmatar uma lacuna que, mais de quatro décadas passadas, não sofreu alteração.

Os trabalhos expostos repõem o fulgor desta sua faceta, tão pouco conhecida, através da interpretação psicológica dos condiscípulos, médicos, amigos e professores, com pequenos traços a exagerar a aparência física permitindo identificar personagens que por vezes se apresentam até de costas voltadas para o observador.

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